por Dayanne Sousa
O Ministério Público Federal em São Paulo abriu procedimento em que pede à TV Globo esclarecimentos sobre as suspeitas de abuso sexual envolvendo participantes do reality show Big Brother Brasil. Em nota, o órgão diz que vai avaliar se houve violação aos direitos da mulher.
A nota ressalva que não se trata de um procedimento criminal, uma vez que o caso está sendo apurado pela Polícia Civil do Rio de Janeiro. O objetivo seria, caso comprovada a violação, obrigar a emissora a esclarecer o público sobre a "estigmatização da mulher".
Nesta segunda-feira (16), o modelo Daniel Echaniz foi expulso do reality depois de suspeitas levantadas por uma cena dele na cama com a ex-colega de confinamento Monique Amin. A 32ª Delegacia de Polícia, da Taquara, investiga se Daniel teria abusado de Monique enquanto ela dormia após uma festa na casa do Big Brother.
Leia a nota
A Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão em São Paulo, órgão do Ministério Público Federal abriu hoje um procedimento para "apurar divulgação de cena com possível abuso sexual por parte de participante do Big Brother Brasil BBB12, com violação aos princípios constitucionais da Comunicação Social e ofensa aos direitos da mulher".
O procedimento não é de natureza criminal. O possível crime ocorrido no estúdio em que é gravado o programa já é objeto de apuração da Polícia Civil e do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro.
A natureza da investigação do MPF é cível e visa garantir, principalmente, o respeito aos direitos da mulher. O objetivo do procedimento é que a Rede Globo, emissora de alcance nacional, não contribua para o processo de estigmatização da mulher, mas para a promoção do respeito à mulher e a desconstrução de ideias que estabelecem papéis estereotipados para o homem e a mulher, conforme prevê a Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher (Convenção de Belém do Pará).
Uma das possíveis linhas de trabalho do MPF é exigir da emissora a publicação de esclarecimentos no BBB sobre os direitos das mulheres, de forma semelhante à atuação da instituição no caso do BBB 10, quando o MPF exigiu da Globo um esclarecimento sobre as formas de transmissão da Aids.
Outro questionamento que o MPF fará é sobre a forma como a Rede Globo informou o público a respeito dos fatos ocorridos na casa. Segundo a emissora, o participante Daniel teria sido expulso por "comportamento inadequado", mas a grande parcela do público que não tem pay-per-view e não viu as cenas ocorridas no último final de semana entre ele e a participante Monique, nem acompanha o debate em torno do assunto nas redes sociais, ficou sem saber em que contexto o "comportamento inadequado" ocorreu.
O MPF em São Paulo, em virtude da fase inicial em que se encontra a apuração, não se manifestará publicamente sobre o caso novamente enquanto não receber as respostas da emissora.
Fonte: Terra Magazine
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