17 de janeiro de 2012

Candidata entrega Enem em branco e recebe nota acima do mínimo

Guia do Estudante/Reprodução
Do Imirante 

SÃO PAULO - A divulgação das notas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) chamou a atenção da professora de física Mônica Soares Nunes, de Campinas (SP). Ela se inscreveu para a prova somente para poder levar embora o caderno de questões para o cursinho Oficina do Estudante, onde trabalha, para ser usado na elaboração da resolução das questões. Mônica entregou o gabarito da prova em branco e teve notas superiores à nota mínima do Enem. Em nota, o Ministério da Educação diz que a nota mínima é para estudantes com necessidades especiais, e a nota atribuída à professora é a para candidatos "convencionais".

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VEJA AS NOTAS

ProvaNota mínimaNota da candidata
Linguagens e códigos301,2304,2
Matemática321,6321,6
Ciências humanas252,6252,9
Ciências da natureza265,0269,0
Redação00

Em ciências humanas e suas tecnologias, a pontuação mínima foi de 252,6. Em ciências da natureza e suas tecnologias foi 265,0. Nas provas de linguagens, códigos e suas tecnologias, a menor nota registrada foi 301,2. Em matemática e suas tecnologias, a nota mínima foi 321,6.

As notas da professora foram: 252,9 pontos em ciências humanas (0,3 maior que o mínimo); 269,0 em ciências da natureza (4,0 pontos a mais); 304,2 em linguagens (3,0 pontos a mais). Somente a nota de matemática foi igual à mínima, 321,6 pontos.

“Eu até dormi durante a prova. Só podia sair com o caderno na última meia hora de exame. Respondi apenas as questões de física, mas não passei para o gabarito”, relata Mônica.

Ela diz que decidiu entrar no site do Enem para ver suas notas depois de receber queixas de alunos descontentes com o resultado do exame. “Fiquei muito surpresa. Entrei para ver meu resultado imaginando ver meus ‘montes de zeros’. Descobri em uma nota do Inep (autarquia do Ministério da Educação responsável pela organização do Enem) que eu não deveria ficar com zero, mas com as notas mínimas de todas as provas. Mas eu só tive nota mínima em matemática e nota zero em redação.”

Pela Teoria da Resposta ao Item, metodologia usada na correção do Enem, não existe nota zero nas provas objetivas, mas sim uma nota mínima. Em nota técnica, o Inep afirma: "uma pessoa que erra todas as questões recebe o valor mínimo do teste, e não uma nota zero, pois não pode-se afirmar a partir do teste que ela possui zero conhecimento".

Mônica questionou as notas no serviço “Fale conosco” do Inep. Em resposta, o órgão alegou que “as diferenças devem-se ao fato de que no Enem algumas adaptações são necessárias para adequar o caderno de provas aos candidatos com necessidades especiais, o que pode ocasionar pequenas variações nos valores mínimo e máximo.”

A professora diz que não tem necessidades especiais e nem fez nenhum pedido a este respeito no ato de sua inscrição no Enem. “Fiz a mesma prova que todo mundo.”

O coordenador pedagógico do cursinho, Célio Tasinafo, confirmou que a professora se inscreveu para o Enem apenas para buscar a prova para o cursinho. “Na Fuvest e Unicamp não é possível sair com o caderno de provas, só é possível pegar as provas no site oficial.” Ele afirmou que outros professores também fizeram a prova, mas para passar o tempo responderam às questões e entregaram o gabarito.

Nota do MEC
Em nota divulgada na tarde desta terça-feira (17), o MEC afirma que "no Enem 2011, as notas mínimas divulgadas (252,9 para ciências humanas, 265 para ciências da natureza, 321,6 para matemática e 301,2 para linguagens) referem-se a uma prova especial elaborada para alunos com deficiência visual. A menor nota para alunos convencionais é um pouco diferente. Esta diferença se explica porque algumas questões que exigem acuidade visual podem ser substituídas por outras com uma calibragem distinta".

Ainda segundao a nota, "para alunos convencionais que entregaram a prova em branco, as menores notas são: 304,2 (inglês) ou 301,2 (espanhol) em linguagens; 321,6 em matemática, 252,9 em ciências humanas e 269,0 em ciências da natureza. A professora Mônica Nunes, de Campinas (SP), que se inscreveu no Enem 2011 e não transcreveu respostas para os cartões, obteve exatamente a nota mínima para um candidato convencional que se limitou a assinar as provas".


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