Sou filho de Santa Inês também. Meu pai é São Luís, minha mãe é Santa Inês. E, como toda mãe, é compreensiva com minhas distâncias, com minhas ausências – desde que eu não esqueça o caminho de casa.
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| Jorge Bezerra - autor |
Aos nove anos eu já estava lá, todo dia, rumo ao Horas Alegres – centro fundamental de minha educação. Com Santa Inês foram vários anos de convivência intensa, de aprendizado, de prazer, alegria e algumas tristezas. Momentos de saudade absoluta dessa terra e pequenos instantes de não mais querer vê-la. Nosso relacionamento sempre foi um tanto passional.
Foi Santa Inês quem me apresentou o amor, a amizade, a boemia. Mostrou-me que somos todos iguais, mas que você não é todo mundo.
Santa Inês é uma cidade peculiar em relação ao resto do interior do Maranhão. Talvez, por ser uma cidade eminentemente urbana, estar situada em um trevo rodoferroviário e ter-se erguido em pequeno espaço geográfico, criou esse ar diferente. Santa Inês é macunaímica, ali tudo existe, ali tudo pode!
Santa Inês de mulheres encantadoras, de gente decente. Povo amigo e de paz.
Devo muito a Santa Inês, ela é a minha ponta da linha. Comecei a virar gente foi ali. Nas ruas de lá que aprendi o que é o mundo.
Hoje, por contingências da vida, pouco vou a minha querida terra. Mas quando estou ali minha alma sorri, sente-se feliz!
Poderia aderir ao clichê de falar de detalhes, como gosta o maranhense. Falaria dos becos, ruas, pequenos causos, detalhes. Mas não posso fazê-lo. Santa Inês é muito grande em mim, não consigo enxergar na minha lembrança pequenas minudências, apenas a grandiosidade que este lugar ocupa na minha memória e no meu coração.
Santa Inês, como toda mãe, é arteira. Quando eu penso que nós perdemos os laços, ela me arrasta para seu seio mais uma vez, e me diz: aqui também é o teu lugar.
Minha mãe, me perdoe por andar distante, mas é que os filhos são feitos para o mundo!
Feliz aniversário, minha terra! Parabéns, minha Santa Inês!
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