22 de junho de 2016

Alguns erros de pesquisas eleitorais na história recente


Em muitos casos, as “pesquisas” não passam de uma artimanha para alcançar os votos daqueles eleitores que só votam no candidato que está liderando “pesquisas". E ainda existem muitos eleitores assim...


O Notas do Daniel Aguiar mostra aqui alguns erros na história recente:

Por *Gilson Gondim via Parlamento PB
1. 1985. A boca-de-urna do Ibope dá como eleito prefeito de Fortaleza o deputado federal peemedebista Paes de Andrade, mas quem vence é a petista Maria Luiza Fontenelle.


2. 1990. Durante toda a campanha e na boca-de-urna, o Ibope dá como vitorioso na eleição para governador da Bahia, no primeiro turno e com cerca de 60% dos votos válidos, o pefelista Antônio Carlos Magalhães. Magalhães de fato vence a eleição, mas com menos de 51% dos votos válidos.

3. 1990. O mesmo acontece em Pernambuco com Joaquim Francisco, também do PFL.

4. 1990. Na Paraíba, o Ibope dava como vitorioso no primeiro turno, na eleição para governador, o candidato Wilson Braga, da coligação PDT/PFL. Braga não fechou a eleição no primeiro turno e perdeu na segunda rodada para Ronaldo Cunha Lima (PMDB).

5. 1990. Durante toda a campanha, o Ibope dava Marcondes Gadelha (PFL) como amplamente vitorioso sobre Antônio Mariz (PMDB) na disputa pelo Senado na Paraíba. A boca-de-urna deu Mariz três pontos à frente. Ele ganhou por 18 pontos.

6. 1992, Grã-Bretanha. A boca-de-urna dá vitória dos trabalhistas. Ganham os conservadores.

7. 2002, Paraíba. Na véspera da eleição, o Ibope dava Cássio Cunha Lima (PSDB) como vitorioso já no primeiro turno. Houve segundo turno.

8. No segundo turno o Consult, que havia acertado no primeiro, deu vitória de Roberto Paulino (PMDB). Ganhou Cássio.

9. 2004, Estados Unidos. A boca-de-urna dá John Kerry como vencedor. Ganha Bush.

10. 2006, Brasil. Na véspera da eleição presidencial, o Sensus dava Geraldo Alckmin (PSDB) com 27%. O Vox Populi o mostrava com 33%. Ele teve 42%.

11. 2008. O primeiro lugar de Gilberto Kassab no primeiro turno para prefeito de São Paulo surpreendeu a todos, inclusive ao Datafolha, que errou o percentual de Kassab acima da margem de erro, que era de dois pontos percentuais, tendo Kassab ficado 2,6 acima do previsto.

Por que as pesquisas às vezes erram? Em primeiro lugar, existe o intervalo de confiança, que normalmente é de 5%. Isto significa que a pesquisa tem uma chance em vinte de estar errada além das margens de erro, mesmo que não contenha falhas técnicas nem má-fé. Em segundo lugar, as pesquisas às vezes contêm falhas técnicas, não refletindo com exatidão as diversas variáveis relevantes (nível de renda, sexo, faixa etária, escolaridade, local de moradia etc.). Níveis diferenciados de abstenção e de anulação involuntária de votos freqüentemente não são captados pelas pesquisas. Há também, é claro e por fim, as "pesquisas" entre aspas, feitas com o objetivo de ajudar determinado lado na motivação da militância, dos doadores e dos próprios eleitores. Há pesquisas e "pesquisas".

*Gilson Gondim
Sociólogo pela Universidade de Londres, Gilson Gondim é consultor legislativo do parlamento estadual desde 1986. Foi membro titular do Conselho Estadual de Educação por três anos e vice-presidente da Fundação Espaço Cultural por quase oito, tendo coordenado várias edições do Fenart. Tem seis livros publicados e mantém o blog Múltiplos Universos www.multiplosuniversos.com.br.

Um comentário:

  1. Santa Inês é um exemplo disso Daniel. Em 2012, todas as pesquisas apontavam para a vitória de Nono, e o que vimos depois, todos já sabem.

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