16 de janeiro de 2012

Chefe da ONU pede que presidente sírio pare de matar o próprio povo

                                                                       Reuters
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, fez um apelo incisivo neste domingo para que o presidente da Síria, Bashar al-Assad, pare de matar seu próprio povo.

Em um discurso no Líbano, Ban disse que as revoluções árabes mostraram que o povo não mais aceita tiranos no poder.

"Pare com a violência, Pare de matar seu povo. O caminho da repressão é um beco sem saída", afirmou Ban, durante uma conferência sobre democracia nos países árabes em Beirute.

"Os ventos da mudança não vão parar de soprar. A chama que teve início na Tunísia não vai enfraquecer."

O secretário-geral disse ainda que desde o começo da Primavera Árabe, ele vem alertando líderes árabes para que ouvissem a população, afirmando que os que ainda não estão fazendo isso sofrerão sérias consequências.

'Silêncio'

No entanto, o chanceler francês, Alain Juppé, reagiu, atacando o "silêncio" da ONU em relação à Síria. "O massacre continua, assim como o silêncio do Conselho de Segurança. Essa situação está se tornando intolerável", disse Juppé.

Em outubro, Rússia e China vetaram uma proposta de resolução que condenaria o regime de Assad.

O chanceler britânico, William Hague, disse que não há, a curto prazo, planos de se criar na Síria uma área de bloqueio aéreo, como foi imposto à Líbia no ano passado.

Anistia

Ainda neste domingo, Assad aprovou uma anistia geral para todos os crimes cometidos durante os dez meses de protestos populares contra o governo, segundo anunciou a mídia estatal.

A anistia poderia ser aplicada aos desertores do Exército que se entregarem antes do final de janeiro, manifestantes pacíficos e outros que entreguem armas ilegais, segundo a agência oficial síria Sana.

Segundo a ONU, mais de 5 mil pessoas já morreram em consequência da repressão ao levante e 14 mil pessoas envolvidas nos protestos estariam presas.

Assad já concedeu várias anistias a prisioneiros desde o início dos protestos, em março, mas milhares ainda permaneceriam presos.

Segundo o correspondente da BBC Jonathan Head, a anistia anunciada neste domingo ainda não indica o possível fim dos conflitos.

Dezenas de milhares de pessoas em várias regiões da Síria continuam saindo às ruas para pedir o fim do regime de Assad, desafiando a repressão do governo.

No sábado, o líder do Catar, xeque Hamad bin Khalifa al Thani, afirmou que os países árabes deveriam enviar tropas para a Síria para interromper o derramamento de sangue.

"Para uma situação dessas, para interromper a matança, tropas deveriam ir para lá", disse ele à TV americana CBS.

Esta é a primeira vez que um líder árabe defende publicamente uma intervenção militar na Síria. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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