2 de novembro de 2011

Finados. Deveria até, quem sabe, ter dito que amo.

Durante esta última semana, o cemitério de São Benedito, em Santa Inês, recebeu tratamento diferenciado em relação aos demais dias do ano. Afinal, tudo deveria está limpo e organizado para receber milhares de pessoas que visitam túmulos de amigos e entes queridos que já não estão entre nós, neste feriado de finados.


De-ve-ria. Talvez esta seja a palavra que os ouvidos mais sensíveis ouvem durante este dia de novembro. Palavra emitida aos berros por corações arrependidos. Deveria ter estado mais presente. Deveria ter presenteado o meu estado. Deveria até, quem sabe, ter dito que amo. 


Inúmeros 'operários' ainda estão no cemitério, na tentativa de ganhar mais um dinheirinho, oferecendo serviços de limpeza e pintura de túmulos.


Estes 'operários' disputam espaço com vendedores de arranjos florais e de picolé.


Alheio a toda essa disputa por clientes, o entra-e-sai de pessoas concentradas, nostálgicas e, algumas, naturalmente tristes. Lágrimas serpenteando por entre vielas formadas pela ocupação desordenada do campo santo se entrelaçam aos sorrisos arracados por piadas de mau gosto dos que nem ao menos estão ali.


São lembranças registradas na minha memória e que espero não serem interpretadas como desrespeito.


Não fui lá por alguém. Na verdade estava trabalhando. As minhas lembranças personificadas moram no meu peito. E estes amigos - desculpe a minha sinceridade e minha completa falta de sensibilidade-, têm morada limpa, organizada e confortável um pouco mais à esquerda, nesse humilde coração. 

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