Escrito por Paulo Rodigues
Uma Parábola sobre a Injustiça
Para o líder popular, Ribamar Alves, meu amigo e amigo do povo.
Vidas Secas é um romance exemplar. Tem uma narrativa enxuta. Um enredo simples, capaz de pintar o psicológico do homem em situação angustiante. O Nordeste, a seca e as tragédias são o tema principal desta novela que nascera como um pequeno conto.
No capítulo três, o narrador descreve a injustiça do cárcere. Observem só. Fabiano vai à feira da cidade comprar mantimentos. Saiu pechinchando para comprar querosene e um pedaço de chita para Sinhá Vitória. Como tudo era caro, encostou para tomar uma pinga. Aparece então o soldado amarelo que o obriga a jogar cartas, ganhando em segundos todos os tostões do pobre coitado. O soldado então atacou. Disse que o cabra ia saindo sem se despedir, estava desrespeitando autoridade, prendeu-o sem motivo algum.
No nosso grande sertão ainda é assim. Há força maior que a força da lei. O anti-herói da seca poderia ter enfrentado aquele homem do governo, mas preferiu se diminuir para salvar a família, cuidar dos filhos, ou melhor, preferiu cuidar dos sonhos.
Lá no capítulo onze, Fabiano procurava, na caatinga, uma égua que tinha fugido. Quando se depara com o amarelo, todo rasgado, frágil. Pensou na roda da vida. Pensou também no ocorrido. Agora poderia vingar-se, mas seu coração não confirmou a maldade do facão. Acabou deixando-o ir tomar mais ordens das autoridades.
Mesmo saindo da ficção. É preciso manter a nobreza de um personagem literário. Devemos corrigir a injustiça, entregando o melhor de nós para fazer o sol brilhar para todos.
Paulo Rodrigues
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